quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Shopping Popular de Ceilândia


O vai e vem que existia no centro de Ceilândia provocado pelos camelôs parece não ter acabado depois da retirada das barracas pelo Governo do Distrito Federal (GDF), em 2006, e transferidos para o Shopping Popular. Muitos ainda insistem em voltar e justificam que o local é sem movimento. O que se pode ver para quem passa no centro da cidade é uma total desordem e sujeira provocada pela movimentação e venda dos produtos. O local sempre foi motivo de reclamações por parte dos comerciantes. Os camelôs foram cadastrados e transferidos, mas boa parte dos que receberam vaga no shopping popular não tem utilizado de modo correto. “A mudança se deu de qualquer jeito, pois nós tínhamos essa promessa que seria construído esse local e nunca era feito”, conta o administrador do Shopping Popular de Ceilândia, Jesus Sales.

O que mais agravou a situação, de acordo com feirantes, é que o então governador da época, José Roberto Arruda, construiu e mudou às pressas sem ao menos consultá-los. “Tudo estava em fase de acabamento, sujo e empoeirado e não havia estrutura mínima para acolher os camelôs”, lembra o administrador, que esperava pelo Shopping há quase 20 anos. A administração do Shopping Popular é composta de 15 funcionários, sete deles trabalham na diretoria, os secretários e tesoureiros. 

Jesus Sales, administrator do Shopping Popular de Ceilandia
O shopping funciona de 8h às 18h. Mas o administrador revela que a maioria não cumpre o expediente e sai às 17h. Dentro do shopping popular existe o Projeto Roedores de Livro, desenvolvido por professores da UNB aos sábados pela manhã com leitura para crianças, e à tarde para adultos.
Segundo Sales, o difícil de trabalhar com o feirante é que ele é o “patrão” e não aceita que seja mandado e nem cumprir ordens básicas como pagar as mensalidades que mantém a organização da feira. “Eu pago rigorosamente em dias e não deixo que atrase”. 

O administrador reconhece que o maior problema do shopping popular é a movimentação, por isso muitos dos feirantes retornaram às ruas.  Mas o feirante que ganha o espaço para trabalhar não pode vendê-lo, alugar, ou passar para terceiros, somente de pai para filho, ou seja, parente de primeiro grau. Ele recebe uma permissão de 10 anos para aproveitar o espaço.  Sobre os camelôs que voltaram a ocupar o centro da cidade de Ceilândia, “são pessoas que vendem produtos sem qualidade e até mesmo sem origem. Temos nossas mercadorias regularizadas e a fiscalização nunca precisou entrar para tomar nada do feirante", enfatiza Sales.
Posto de atendimento em termino de construção
Aquele feirante que ganha o local para montar sua barraca e não utiliza tem até 90 dias para tomar posse. Do contrário, ele é obrigado a desocupar e o espaço é doado a outra pessoa. Com a chegada do Na Hora, o shopping popular espera aumentar sua movimentação para 3.000 pessoas por dia. No galpão ainda existem locais para espetáculos e praça de alimentação.

“Eram mais de 1500 feirantes para um local sem recurso, muitos deles idosos, outros que adoeceram, e parte desses ambulantes foram divididos para outras feiras e até morreram com depressão devido à transferência”, relata Sales. O Shopping Popular contava com 834 boxes, mas devido ao abandono de alguns feirantes, o GDF decidiu pela construção do posto de atendimento. O local passou a ter 694 boxes atualmente. “Ainda estamos com o documento provisório desde 1981, de quando ainda era na rua, e só ganharemos essa autorização de permanência com a inauguração do Na hora”, explica. Não existe banco no Shopping Popular, somente alguns caixas eletrônicos.

O outro lado

Raimundo Lima, ambulante do centro de Ceilandia
Raimundo Lima é ambulante no centro a cidade e há 23 anos trabalha na rua. Ele não ganhou espaço no shopping. Mesmo que tivesse ganhado algo não aceitaria, pois sendo vendedor de rua ganha mais. Porém não tenho sossego por causa da fiscalização que não deixa trabalhar", afirma Raimundo, que já deixa seus produtos de forma fácil para remover quando a Agencia de Fiscalização (AGEFIS) aparece. Seu irmão Paulo, que é feirante, também não ganhou local de trabalho no shopping popular. E por isso está na rua junto com Raimundo, que trabalha com mais 200 camelôs disputando vendas em meio aos calçadões do antigo lugar que existia a feira.

Elizânia Gomes que trabalha há 10 anos na feira, disse que sua mãe sua “foi convidada pela administração da feira, mas ela não recebeu o convite e mesmo que opção fosse o shopping não iria, pois na rua chega a ganhar mais de 1200 reais por mês”.


Por Vagner Silva

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