quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Cultura de Ceilândia perde com falta de sala de cinema


       Com uma população de aproximadamente 400 mil pessoas, a maior do Distrito Federal, Ceilândia possui uma vasta variedade de atrações culturais e lazer para seus moradores. Há desde festivais de música, eventos esportivos e arte, a maioria organizada pela Associação de Arte e Cultura da Ceilância (AACC). Porém não há uma política pública eficaz no que se refere ao cinema ceilancense e muito menos uma sala de cinema na cidade. 

         Segundo o cineasta Adirley Queioz, um dos fundadores do CEICINE, “é  um absurdo a Ceilândia não ter uma sala de cinema, sendo uma das maiores cidades do centro-oeste". Para ele, o Estado não tem interesse em difundir o cinema na cidade.  "No Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, o Governo do Estado construiu uma sala de cinema para a população, porém aqui, não tem nenhuma intervenção”.  Queiroz ressaltou ainda a necessidade do cinema na cidade para tirar o preconceito e resgatar a importância e a força que há sobre o Distrito Federal.

      


Produções locais sem visibilidade

O longa-metragem A cidade é uma só?, (2011) do diretor ceilandense Adirley Queroz, é um exemplo dos grandes trabalhos da comunidade da Ceilañdia. O filme faz uma reflexão dos 50 anos de Brasília e tem a Ceilândia como referência histórica. Os personagens do filme vivem e presenciam as mudanças da cidade. A obra já foi ganhadora do 15º Prêmio da Crítica na Mostra de Tiradentes, em Minas Gerais, o maior do Brasil.
          Outro exemplo, também dirigido por Querioz, é o curta-metragem Rap, O Canto da Ceilândia (2005), ganhador de dois prêmios do Festival de Brasília de 2005 como o Melhor Curta Júri Oficial e o Melhor Curta Júri Popular. O curta mostra a trajetória de quatro moradores da cidade e integrantes no universo da música fazendo um paralelo com a construção da cidade onde moram. São artistas que veem no Rap a única forma de revelar seus sentimentos e de se auto-afirmar enquanto moradores da periferia.
           Para tentar solucionar esse problema, há um grupo formado há mais de 8 anos por interessados no processo de realização e reflexão sobre o cinema. O Coletivo de Cinema em Ceilândia (CEICINE) discute a possibilidade de se produzir uma obra cinematográfica e os caminhos para a produção da obra.  Além disso, o CEICINE oferece cursos para a população e mostras de filmes.
       Adirley Queirós é morador da cidade há 37 anos, foi jogador de futebol profissional do Ceilândia, mas uma contusão no tornozelo o tirou do esporte. Fez o curso de cinema na Universidade de Brasília (UnB) e hoje tem seus filmes exibidos no Brasil e no Exterior.

Por Natália Oliveira


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