Hoje,
22 de novembro de 2012, iniciaremos as postagens. Para começar, versos do poeta Antonio Garcia Muralha
que nos trás a identidade enraizada no nordeste brasileiro:
A certidão de
nascimento da Ceilândia
Antonio Garcia Muralha
Candangos retirantes
Ceilândia… lândia dos filhos
das aves de arribação
Que aos grandes bandos vieram
das bandas lá do sertão
Nas asas dos paus-de-arara, nos
lombos de caminhão
Fazendo curvas rasantes, voando
bem rente ao chão
Com a ajuda do Padim Ciço,
padrinho de Lampião
Sertanejos retirantes da
colheita de carvão
Dia e noite, noite e dia, soca
paçoca pilão!
Águas Emendadas
Ceilândia…lândia dos filhos das
aves de arribação
Que pousaram no planalto
conscientes da missão
De plantar no Centro-Oeste do
Brasil em construção
Aço e pedra, de tal forma que,
pela obra da mão
Do cerrado se fizesse construir
um coração
Que palpitasse bem forte no
peito desta nação
Dia e noite, noite e dia, soca
paçoca pilão !
Pioneiros operários
Ceilândia….lândia dos filhos
das aves de arribação
Que, já no imenso planalto, sob
o sol da solidão
No mesmo dia aprenderam sua
nova profissão
Areia, cimento e brita, seu
novo nome peão
Das obras que eles faziam sem
saber pra qual patrão
Como abelhas operárias sem
rainha e sem zangão
Dia e noite, noite e dia, soca
paçoca pilão!
Capital da esperança
Ceilândia…lândia dos filhos das
aves de arribação
Que construíram Brasília, o
orgulho deste torrão
Torrão que também é deles, mas
que nem sabem quem são
Pois que, empenhados nas obras
com toda dedicação
Nem em sonhos construíram sua
própria habitação
Por isso em cada caixote tinha
um barraco-embrião
Dia e noite, noite e dia, soca
paçoca pilão!
Cidade Livre
Ceilândia…lândia dos filhos das
aves de arribação
Que transformavam caixotes em
telhas de barracão
Crescendo o Plano Piloto das
vilas em progressão
Na IAPI, na Tenório, na
Mercedes da ilusão
Formando o maior complexo da
mais famosa invasão
Que crescia na medida em que
crescia a migração
Dia e noite, noite e dia, soca
paçoca pilão!
Via Hélio Prates
Ceilândia…lândia dos filhos das
aves de arribçaão
Que não sabiam que as vilas com
tamanha dimensão
Eram menores ainda que os
terrenos de mansão
E que, ferindo a paisagem
quando vistas de avião
Pelos doutores que vinham pra
fazer reunião
Tinham que ser removidas as
vilas e a multidão
Dia e noite, noite e dia, soca
paçoca pilão!
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